terça-feira, 23 de agosto de 2011

É a pílula SÓ um "anticoncepcional"?

A maioria das mulheres que usam pílulas anticoncepcionais não sabem da horrível realidade que se esconde por trás desta prática. 
Escondendo a verdade sobre os efeitos que os contraceptivos orais combinados provocam, os laboratórios enganam as usuárias, fazendo com que milhares de seres humanos estejam sendo mortos, ainda no ventre da mãe.
E o que é pior: às custas da "vista grossa" da maioria dos médicos - muitos deles, cristãos - que os prescrevem, indiscriminadamente, sem questionamentos.
Assistam atentamente a este vídeo, onde o Pe. Paulo Ricardo nos alerta sobre o uso criminoso de "anticoncepcionais" e lutemos, doravante, para impedir que ABORTOS OCULTOS aconteçam!



domingo, 14 de agosto de 2011

Sobre o uso do véu na Santa Missa




Para as mulheres católicas que desejam saber mais sobre o uso do véu na Santa Missa, deixo aqui um artigo da Juliana Fragetti Ribeiro Lima e uma palestra do Pe. Paulo Ricardo.


O artigo:

POR QUE USAR O VÉU


Juliana Fragetti Ribeiro Lima
Publicado originalmente no blog Tantum Ergo

Sei que hoje isso é algo considerado “ultrapassado”, “radical” entre outras coisas. Muitos dirão que isso até é reflexo de um costume machista e que inferioriza a mulher e tal. Mas isso não é verdade. Eu estou me referindo ao uso do véu na Santa Missa. Aliás, não só na Santa Missa, mas em qualquer ato de devoção.
Primeiro temos que entender o motivo. 
Um deles é bíblico.  “Quero, porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo. Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a sua cabeça. Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça, porque é a mesma coisa como se estivesse rapada.” (1 Co 11.3-5)
Veja que na Escritura, S. Paulo fala que é vergonhoso que oremos com a cabeça descoberta. Que em sinal de submissão devemos ter a cabeça coberta. Oras, dirá você, mas que argumento machista, por causa de homens eu vou cobrir minha cabeça? Não. Não é machismo, é um reconhecimento: Deus fez o homem, que é a sua (de Deus) glória. E dele (de Adão, do homem) nos fez, sendo nós a sua (do homem) glória (1 Co 11.7). Além disso, diz S. Paulo, que devemos cobrir a cabeça por causa dos anjos (1 Co 11.10).
Além disso, temos um motivo mais sublime. Muito mais. Não é por homens que o fazemos, mas pelo Senhor. Veja, até os anjos cobrem seu rosto em face de estarem diante de Deus (Is 6.2)!! Os anjos são puros, sem pecado, mas reconhecem o que é estar diante da majestade de Deus, diante do Criador de todas as coisas e cobrem seu rosto. Não iremos nós também nos cobrir diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento?
Sim, não só na hora da missa, pois se estivermos na igreja, o Senhor está lá no Sacrário, sempre presente. Se formos fazer atos piedosos (orar, etc.) em público, ainda que não na igreja, também convém, pois não estaríamos nós com isso testemunhando nosso amor a Jesus, assim como Nossa Senhora o fez?
Uma outra coisa interessante, é que nos tempos do Antigo Testamento, descobrir a cabeça da mulher estava relacionado à vergonha, maldição, etc.
Em Números, depois de falar de como proceder no caso de adultério, o texto sagrado diz que “Então apresentará a mulher perante o Senhor, e descobrirá a cabeça da mulher, e lhe porá na mão a oferta de cereais memorativa, que é a oferta de cereais por ciúmes; e o sacerdote terá na mão a água de amargura, que traz consigo a maldição(Números 5.18) 
A Igreja sempre recomendou o uso do véu. São Jerônimo, escrevendo uma carta, abordou o assunto dizendo:

“É comum nos mosteiros do Egito e da Síria que as virgens e viúvas que se entregaram a Deus, renunciaram ao mundo e jogaram ao chão os prazeres, peçam às mães de suas comunidades que cortem seus cabelos; não que depois elas possam ir com as cabeças descobertas em desafio ao mandamento do Apóstolo, elas usam uma capa fechada e véu.” (Carta 147, 5)
Hoje se diz muito por aí que “o que importa é o interior”, etc. Mas a grande verdade é que não somos “puro espirito” e sim somos uma unidade de corpo e alma, e o interior e exterior se refletem mutuamente. E, com freqüência, o nosso exterior revela o nosso interior, a nossa fé e espiritualidade. Cá pra nós, não é estranho você ver alguém que se diz muito temente a Deus andando com roupas sensuais, etc? Você e eu esperaríamos (corretamente) que a vida e o exterior dessa pessoa correspondessem à alta profissão de fé que ela faz, não é?
Além do mais, veja que tudo que é importante na liturgia da Igreja é coberto: o cálice com o Sangue de Nosso Senhor é coberto durante a missa até o momento da consagração,  O sacrário, onde fica permanentemente o Corpo de Nosso Senhor, é coberto por um véu frontal. A Virgem Santíssima também. Você já viu uma imagem da Ssma. Virgem onde ela estivesse descoberta? Repare que em todas as invocações que conhecemos dela, a vemos de véu.
O véu por séculos simbolizou a castidade, a modéstia e a santidade da mulher cristã. A Igreja sabendo disso, instava por todos os séculos com suas filhas que o usassem, simbolizando pureza, santidade, humildade, qualidades que vemos em Nossa Senhora. Por que então não adotarmos uma coisa tão simples, mas como vimos, tão cheia de significados?

Fonte: http://www.avidasacerdotal.com/2009/05/por-que-usar-o-veu.html 


A palestra:

Palestra do Pe. Paulo Ricardo, ministrada no grupo de formação Cor Mariae, em Cuiabá, MT.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pudor e Modéstia - no modo de ser e no vestir-se.

Cristina Froes

Toda a mulher cristã deveria mirar-se no exemplo de Nossa Mãe Santíssima; jamais ser como "...infames instrumentos de que o inferno se serve para perder as almas." ( Santo Cura d'Ars ). 

O pecado tornou opaco o olhar humano. Ao contemplar o outro, o olhar não recorda que está diante de uma pessoa, passando a ver o outro como mero objeto. Neste caso, é imprescindível o recato, tanto no modo de ser, como no modo de se vestir - algo que pouco se vê em nossos dias, principalmente por parte de muitas mulheres.





Neste vídeo, Pe. Paulo Ricardo nos fala sobre Pudor e Modéstia. Saiba o significado de cada uma destas palavras e reflitam:







Abaixo, selecionei alguns modelos de roupas modestas, contemporâneas e elegantes que uma mulher cristã, filha de Maria, pode usar nos dias de hoje, sem estar necessariamente fora de moda:





                                    Fonte: http://feminaonline.blogspot.com/



                                 Fonte: http://teusvestidos.wordpress.com/


Aproveito também para mostrar alguns argumentos às interessadas em se vestir com modéstia. Do blog "Teus Vestidos" (http://teusvestidos.wordpress.com/) que procura reunir bons exemplos de roupas para a mulher católica:






quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Brasil profundo: um Brasil que fica à margem da mídia e dos projetores da publicidade.

Cristina Froes

Eles estão no poder, sim! O quadro que se vislumbra não é dos melhores. Mas nem tudo está perdido!

Convido, porém, a todos os leitores para antes lerem este artigo que D. Bertrand de Orleans e Bragança escreveu às vésperas do 2º turno das últimas eleições para presidente, onde ele nos chama a atenção para este "Brasil profundo" - em suas palavras, "um amplo setor conservador do eleitorado sem legítimo porta-voz" - mas não tão ignorado pelos que estão agora no poder:



http://www.ipco.org.br/home/noticias/insurreicao-eleitoral


É verdade que a Dilma venceu. Mas não venceu por grande margem de votos. Não foi uma vitória arrebatadora. E mais mostrou que o Brasil está dividido.

Mesmo sem militância conservadora que preste, o Brasil não embarcou, "in totum", na aventura petista! Mesmo sem uma militância conservadora pra valer, mesmo com um inerme candidato como foi e é o Serra, que fez uma campanha modorrenta, ainda assim, o eleitorado se dividiu bastante...

A quê se deve isso?


"Não existirá também um Brasil profundo? Um Brasil que fica à margem da mídia e dos projetores da publicidade?" (D. Bertrand de Orleans e Bragança)


                                       D. Bertrand de Orleans e Bragança

Penso que hoje, após estas últimas eleições, mesmo embaídos por utopias fracassadas, já não se negam a ver a realidade e nem ignoram a imensa rotação que se vai produzindo em importantes setores de uma nação que exerce papel decisivo no mundo e é presentemente o grande baluarte do Ocidente Cristão.

Nossa gente, de "per si", é conservadora, mas instintivamente conservadora. O povo brasileiro é conservador, só que não se dá conta disso e não tem uma clareza quanto a este ponto de vista.

Quando Lula se apresentava como ele realmente era e é, não conseguia nada. Com uma maquiagem quase "conservadora", mostrando-se como um moderado, até mesmo, um "moderador", vejam onde o povo o colocou!

Quando Dilma pousou de católica e anti-abortista, o povo a elegeu! Imagine se Dilma gritasse, à la Chavez: "Socialismo ou morte!"...acham mesmo que ela ganharia as eleições?

Ao invés de ares totalitaristas, Dilma foi à Missa. Atrapalhou-se com a liturgia, representou o papel de católica como canastrona, mas teve de fazê-lo para não perder as eleições. Teve de mostrar-se "religiosa", ainda que entre aspas, mas "religiosa". Senão, ofenderia o Brasil verdadeiro. Senão, perderia as eleições.

Por que não se disse atéia e socialista? Por que não se disse, escancaradamente, atéia, abortista e socialista?

Vejam, o Estado pode ser laico, mas nossa sociedade está longe de ser atéia! E, ainda por cima, é de maioria cristã, majoritariamente católica apostólica romana! Gostem ou não os gramscistas!

O que falta para o brasileiro é conscientização! É um povo facilmente manipulável. E os comunistas gramscistas sabem muito bem disso.

E o que os gramscistas agora querem, como coroamento da revolução cultural é acabar, até, com o tal "conservadorismo instintivo" do nosso povo.

Por isso, investem no Kit-Gay para o ensino fundamental. Eles querem "formar", ou antes, "deformar" os brasileiros desde cedo.

Se conseguirem, aí, sim, o Brasil verdadeiro que conhecemos (aquilo que D. Bertrand chama de Brasil profundo), terá desaparecido.

Enquanto esse Brasil profundo existir, os gramscistas patinarão. Colecionarão algumas vitórias, mas nunca terão o poder absoluto que querem.


Vejam por exemplo o que aconteceu para que Dilma conseguisse a vitória:

O programa de governo da Dilma incluía, totalmente, o PNDH-3. E este programa foi registrado junto ao TSE no último dia para isso. Foi registrado de manhã. À tarde, a coordenação de campanha foi ao Tribunal e trocou o programa, amenizando-o substancialmente.

Isso não nos deve fazer crer que eles se "emendaram". Foi só uma mudança de tática e estratégia. Mas foi necessário para eles, porque com aquele plano, ela perderia as eleições.

Eles jogam na certeza de manipulação do povo, vestindo rapidinho uma pele de cordeiro e apostando que conseguem, assim, enganar os eleitores.

Claro que isso tudo não é "vantagem", mas é um sinal. Um sinal de que nem tudo está perdido e temos como reverter!

Essa cambada precisa se colocar em pele de cordeiro para ser aceita - o que significa que nosso povo não está tão moralmente dominado como estão os povos da Venezuela, Bolívia e Equador, por exemplo.

Dilma tem muito, muito a seu favor, mas nem tudo!

Se tentar passar o aborto ou a eutanásia pelo Congresso, a sociedade irá protestar, como protestou contra o PNDH-3.

Por que o PNDH-3 já não é uma realidade? Porque houve gritaria da sociedade - bem ou mal, mas houve!

Essa esquerdalha sabe que no Brasil, por pior que seja nossa situação, não dá para meter o pé na porta e arrombar tudo...

Esse PNDH-3 já era para estar implantado!!!

Essa cambada petista gramscista está no poder, sem dúvida! Mas eles não estão absolutamente tranquilos, não.

São espertos, mas não inteligentes... e isso conta a nosso favor!

Lula que - diziam - elegeria até um poste, não conseguiu eleger a Dilma "de qualquer jeito". A Dilma teve que se amoldar, ainda que de fachada, ao Brasil verdadeiro, ao Brasil profundo de D. Bertrand.

O PNDH-3 é um paradigma!

A reação foi certeira - e olhem que ainda foi tímida! Mas já frustrou a implantação do plano no próprio governo Lula, como era o objetivo.

Ah, mas agora tem o Kit-Gay, a campanha à favor do Desarmamento...

Sim, fazem volteios para conseguirem o que querem. Porém a necessidade de terem de fazer estes volteios, é sinal de que estamos vivos e reagindo! Eles estão encontrando reação! Não a reação ideal, mas há uma reação.

Os gramscistas-petistas têm conseguido muita coisa, mas com a reação certa, muito pode ser impedido neste país que temos.

O Brasil é um grande país, praticamente um continente inteiro! Não é como "dominar" a Venezuela ou o nanico Equador.

Penso que muito do que nos salva é nossa dimensão territorial - bendita herança de D. João VI e D. Pedro I! Fôssemos do tamanho do Uruguay, "já era"!

Claro que se ninguém reage, eles acabam conseguindo mesmo, pois eles só conseguem ascender a algum poder se disfarçando.

E nossa reação na internet (Twitter, Facebook, Blogs etc) mostrou seus efeitos!

Eu acredito que é preciso uma injeção de otimismo em nossa gente, principalmente em NOSSA GENTE (os conservadores).

Não é um otimismo à la Polyana...de modo algum!

É reconhecer a gravidade da situação, com os gramscistas no governo e na máquina do Estado, como o estão, mas que só estão por que se disfarçam - o que revela que o radicalismo que professam não encontra eco no Brasil verdadeiro. Ou seja: ainda há um Brasil; ainda há uma pátria!

A campanha contra o PNDH-3 é uma prova da organização, ainda que muito tênue da sociedade contra o arbítrio, que fez com que esse projeto fosse frustrado.

Sabemos que outras tentativas virão.

Não me iludo, por exemplo, tal qual Ives Gandra, que já dá a luta como "ganha" não!

Eles voltarão à carga, inclusive com o PNDH-3. Mas também encontrarão, talvez, uma resistência ainda mais madura a essa sandice comunista!

Sim, porque o Brasil verdadeiro, o tal "Brasil profundo" de D. Bertrand é contra o aborto, fundamentalmente, porque é o herdeiro da Cristandade, do Catolicismo que nos foi legado desde o descobrimento!

É claro que não podemos "dormir em berço esplêndido" sobre essa realidade, porque essa cambada está trabalhando, diuturnamente, justamente para mudar essa realidade e formar gerações de brasileiros já divorciados do legado do Brasil profundo ainda vigente.

Temos de nos mobilizar!

Mas não podemos dizer que estamos vendidos. Não estamos derrotados. E nem subestimemos nossa capacidade de reação! Sim, reação!

Sejamos orgulhosamente reacionários!

Ser reacionário, neste caso, é reagir contra a destruição não só do Brasil, mas de toda a civilização que o lastreia.

Portanto, antes de nos ofendermos, tenhamos orgulho de sermos chamados de direita reacionária.

Somos de Direita, opostos da esquerda! E reacionários, pois reagimos à tentativa de dominação totalitária!

Negar isso, é dar a vitória ideológica ao inimigo!

É negar o nosso Brasil profundo! Um Brasil marcadamente majoritário, em contraste com um Brasil de superfície, cosmopolitizado e afinado com as últimas modas, indumentárias, ideológicas ou outras, segundo as palavras de advertência de Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Projeto de Constituição Angustia o País”:


“À medida que o Brasil de superfície caminhe para a extrema esquerda, irá se distanciando mais e mais do Brasil de profundidade. E este último irá despertando, em cada região, do velho letargo. E de futuro os que atuarem na vida pública de nosso País terão de tomar isso em consideração. E, em vez de olharem tão preponderantemente para o Brasil cosmopolitizado que se agita, terão de olhar para o Brasil conservador que constitui parte da população dos grandes centros e se patenteia mais numeroso na medida em que a atenção do observador desce das grandes cidades para as médias, das médias para as pequenas e destas últimas, já meio imersas no campo, para nossas populações especificamente rurais”.

E essa é a idéia que eu queria passar a todos: ainda há uma pátria! Um Brasil profundo que deve ser considerado e que precisa tomar posição! Precisa acordar!

É esse Brasil profundo, que, coerente com nosso hino, ainda dorme em "berço esplêndido', mas precisa ser despertado! 



terça-feira, 9 de agosto de 2011

Conferência sobre Cristofobia surpreende o público pela extensão inaudita da perseguição aos cristãos


Da esq. à dir.: Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil e diretor do Movimento Paz no Campo; Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira; Dr. Alexandre del Valle, conferencista, e Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira.


Edson Carlos de Oliveira
Sob o tema “Cristofobia: Por que são mortos e perseguidos os cristãos de hoje?”, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira promoveu, na noite de 4 de agosto último, mais uma importante palestra na capital paulista. O auditório do Mosteiro de São Bento voltou a estar lotado, desta vez para ouvir um relato da perseguição que, aberta ou veladamente, o Cristianismo tem sofrido nos dias atuais.
A conferência foi proferida pelo especialista na matéria, Prof. Alexandre del Valle, professor de Relações Internacionais na Universidade de Metz, França, e consultor de Geopolítica em diversas importantes instituições europeias, com vários livros publicados.

Na abertura do evento, o Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, fez uma breve apresentação do Prof. del Valle e do importante trabalho que ele desenvolve na Europa denunciando a ameaça mulçumana para a civilização cristã. E chamou a atenção quanto ao uso da palavra “mulçumana”, e não da “árabe”, porque a ameaça é religiosa e não racial.
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Em sua palestra, o Prof. Alexandre alertou para o fato de que o Cristianismo é a Religião mais perseguida no mundo. Os dados e exemplos fornecidos por ele mostram o quanto nossa mídia nada ou pouco divulga sobre o assunto. Quinze milhões de cristãos são perseguidos e humilhados em países mulçumanos e 20 milhões foram exilados em um século, número maior que o dos refugiados palestinos, aos quais os meios de comunicação têm concedido muito realce.

Entre 1960 e 2000, dois milhões de cristãos foram assassinados no Sudão do Sul. O conferencista ressaltou que muito se fala dos 300 mil mulçumanos assassinados no Darfur, enquanto o genocídio de cristãos no Sudão normalmente é esquecido. Por quê?
Para o palestrante, no mercado midiático de “vitimologia”, a vítima mulçumana vale mais que a cristã. Mas essa culpa não é tanto dos mulçumanos, quanto dos próprios cristãos, que não falam ou não se interessam por esse assunto. Por isso ele parabenizou o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, por abrir espaço para que esse sombrio panorama seja apresentado ao público. “O cristão tem que falar desse problema”, disse.
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O conferencista dividiu em quatro os vetores promotores da Cristofobia.
Primeiro, a Cristofobia islâmica, a mais conhecida.
Segundo, a asiática – budista ou hinduísta –, menos conhecida, mas muito mais criminosa em termos de números e violência.
Terceiro, a comunista, marxista e socialista.
Quarto, a ocidental, menos violenta na aparência, mas muito perversa, cujo objetivo é destruir a civilização cristã.
Cada um desses vetores foi detidamente analisado durante a palestra, que pode ser assistida no canal do Justin.tv do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (cf. http://pt-br.justin.tv/institutoplinio/)

À esquerda, o Príncipe Bernard Ndouga, neto do último rei de Camarões, aproveitou sua estadia em São Paulo para prestigiar a conferência.
Para o Prof. Del Valle o Ocidente, adormecido, passivo e por vezes até cúmplice dessa realidade, acordou um pouco com fatos atuais que vieram a público. Por exemplo, com os atentados contra cristãos em Bagdá e em Alexandria no ano passado, quando os terroristas gritavam, segundo relatos dos sobreviventes: “inferno aos cristãos cachorros que deviam morrer como infiéis que se recusam a abjurar sua fé”.
Também falou do exílio, ocorrido no ano passado, de cristãos do Iraque, obrigados a escolher entre fazer as malas ou morrer. Isso tudo fez abrir os olhos dos europeus para a existência de cristãos no Oriente, pois eles até então pensavam que árabes só podiam ser mulçumanos.
Na Europa se pede perdão, contabiliza-se e critica-se a islamofobia. No entanto, nos países mulçumanos ninguém contabiliza, ninguém pede perdão para nada e ainda há pessoas muito ufanas de perseguir e matar cristãos”, disse o Prof. Del Valle.

Dr. Alexandre del Valle concedeu dedicatórias aos participantes do evento que adquiriram seu livro.
Mas essa tomada de consciência repentina dos europeus foi rapidamente eclipsada pelas imagens das revoluções árabes, muito elogiadas pela mídia ocidental, durante as quais os cristãos continuaram sendo perseguidos. Segundo o Prof. Alexandre, “as notícias divulgadas pela mídia são apenas a ponta do iceberg da perseguição que os cristão sofrem”.
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Numa demonstração de grande interesse pela matéria, no final da conferência o auditório e os espectadores que acompanhavam a palestra pela Internet enviaram dezenas de perguntas ao Prof. Del Valle.
O Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança encerrou o evento com agradecimentos ao palestrante, ressaltando que desde o fim da II Guerra Mundial o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira já alertava para o fato de que o islamismo se tornaria um perigo futuro para o Ocidente.

Fonte: http://www.ipco.org.br/home/noticias/palestra-do-professor-alexandre-de-valle-sobre-cristofobia

ATENÇÃO: Na postagem, abaixo, você terá a oportunidade de assistir o vídeo com a palestra.

Assista à palestra sobre cristofobia: por que hoje são mortos e perseguidos os cristãos? - Sou conservador sim, e daí? - Uma visão católica da política

Assista à palestra sobre cristofobia: por que hoje são mortos e perseguidos os cristãos? - Sou conservador sim, e daí? - Uma visão católica da política

O evento foi promovido pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira no dia 4 de agosto p.p., no auditório do Mosteiro de São Bento em São Paulo.
Dr. Alexandre del Valle é professor de Relações Internacionais na Universidade de Metz, França, e consultor de Geopolítica em diversas importantes instituições europeias, e possui diversos livros publicados sobre a matéria.

OBS: Ao clicar no link, você será levado à pagina do blog, onde tem o vídeo ao qual poderá assistir a palestra na íntegra.

E a missa tridentina chega a Porto Alegre

Agora todos os domingos, às 9hs e 30 min, na Igreja São José, exceto no primeiro domingo de cada mês. A celebração foi muito bem recebida pela comunidade porto-alegrense, como podemos ver nesta reportagem feita pelo Intituto Humanitas Unisinos:





Oito de maio de 2011, 9h30. No Dia das Mães, mais de 80 fiéis se reúnem na tradicional Igreja São José, no centro de Porto Alegre, para participar de uma missa que remonta aos séculos. Especificamente o século XVI, quando o Papa Pio V, no contexto da Contrarreforma, aprovou o então novo Missal Romano, dirimindo algumas questões teológico-litúrgicas levantadas pelos protestantes de então e buscando uma unificação dos diversos ritos católicos da época.
A Comunidade de São José dos Alemães, estabelecida na capital do Estado em 1871, pôde, assim, reviver uma experiência litúrgica dos seus primeiros membros. Porém, nesta versão do século XXI, os fiéis se deslocam até a Igreja de carro, desligam seus celulares ao entrar no templo, e o sistema eletrônico de som e luzes colabora com a construção simbólica da celebração.

Pe. Feiler diante do altar-mor da Igreja São José, em Porto Alegre
Atendida desde a sua fundação pelos padres da Companhia de Jesus, a comunidade foi guiada nessa "nova experiência antiga" por um jovem jesuíta: o padre Adilson Feiler. Natural de Santa Catarina, Feiler entrou para a Companhia de Jesus no ano 2000 e foi ordenado há dois anos em Curitiba. É um padre, portanto, da geração Bento XVI, como ele mesmo destaca. Feiler fez filosofia e teologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - Faje, em Belo Horizonte. É mestre em filosofia pela Unisinos e doutorando na mesma área pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC-RS, em cuja tese aborda uma aproximação entre dois filósofos, a partir dos conceitos de destino e amor, em busca de um pacto sobre um mesmo ethos cristão: Hegel e Nietzsche.
Após a publicação do motu proprio de Bento XVI, em 2007, a chamada "missa tridentina", a partir do missal aprovado após o Concílio de Trento, em 1570, foi novamente incentivada. A proposta do papa também era retomar a "dignidade do culto contra certas deformações causadas por uma leitura apressada do Concílio Vaticano II", como afirma o padre Feiler em artigo publicado no boletim informativo mensal da Igreja São José.
Na última sexta-feira, o padre Feiler recebeu a IHU On-Line em seu escritório, na secretaria da igreja, para conversar sobre a retomada das celebrações da missa tridentina em Porto Alegre, que deverão ter continuidade a cada 15 dias.
Com o placet do arcebispo local, Dom Dadeus Grings, Feiler dirigiu-se resoluto ao altar da Igreja São José naquele domingo, "espaço litúrgico todo privilegiado pela beleza arquitetônica como pela excelente acústica", de acordo com Feiler em seu artigo. Acompanhado por cinco acólitos, ele celebrou a missa de seus antepassados, em latim e versus Deum.
Eis a entrevista.
IHU On-Line – Como vocês chamaram essa "forma extraordinária" da missa, segundo o documento do Papa: missa tridentina, missa tradicional?
Adilson Feiler – Popularmente, nós chamamos de missa tridentina. Conversando com o senhor arcebispo, Dom Dadeus, preferimos que seja chamada de missa do Missal do Beato João XXIII, uma missa originária do Missal de São Pio V, do século XVI, e que passou por várias modificações, até ter, no Missal de 1962, de João XXIII, sua forma última. Eu prefiro chamar de missa do Missal de João XXIII.
IHU On-Line – Como nasceu a ideia de celebrar a missa tridentina aqui, em Porto Alegre?
Adilson Feiler – Essa missa já foi possibilitada por Sua Santidade, o Papa Bento XVI, desde 2007, dois anos depois do início do seu pontificado. Então, em vários lugares no Brasil, essa missa já existia, já era celebrada, de maneira – como você disse – extraordinária. Causou algumas repercussões em algumas comunidades, pelo que eu tenho acompanhado, quando alguns padres decidiram substituir missas de maneira ordinária. Isso criou alguns problemas, mas que foram, depois, contornados com o diálogo.
Então, quando eu estive em Curitiba, no ano passado, eu cheguei a presidir essa missa em algumas ocasiões em duas paróquias. São os padres seculares, diocesanos, que a presidem. E, às vezes, eles pediam para que eu os substituísse, quando não podiam. E não são muitos os padres, pelo que eu sei, que presidem essa missa.
Quando eu cheguei aqui em Porto Alegre, algumas pessoas souberam que eu já presidia essas missas, de maneira extraordinária, esporadicamente; perguntaram, então, se haveria a possibilidade de eu presidir essa missa aqui, na Igreja São José. Eu respondi: "Olha, vou ter que consultar o reitor da Igreja [Pe. Eloy Oswaldo Guella, SJ], em primeiro lugar, e as pessoas da comunidade". Esta é uma Igreja particular, da comunidade dos alemães, não é da Companhia de Jesus. Os jesuítas apenas prestam um serviço, desde a sua fundação, há mais de 100 anos. Então, em discernimento diante do Senhor, a comunidade achou que seria uma experiência interessante, que poderíamos começar para ver.
Mas, é claro, nós tínhamos que tratar também desse assunto com o ordinário da Arquidiocese de Porto Alegre, que é o senhor arcebispo, a quem nós estamos, em primeiro lugar, submetidos. Sobre qualquer coisa que diga respeito ao serviço da Igreja, temos que nos dirigir ao senhor arcebispo e à comunidade. Então, conversamos com o arcebispo, ele nos disse que não haveria problemas, que inclusive algumas pessoas já solicitaram essa missa a ele.
Então, surgiu essa possibilidade. Nós preparamos alguns acólitos daqui mesmo, já que é uma missa cheia de rubricas e exige bastante preparo – a própria pronúncia do latim, requer-se um certo conhecimento da língua. Presidimos a primeira missa no domingo passado [8 de maio], às 9h30, e durou exatamente uma hora, pois temos a missa ordinária às 10h30.
IHU On-Line – E como a comunidade em geral reagiu? Qual foi a repercussão?
Adilson Feiler – Havia muitas pessoas, em torno de 86. E isso que foi no Dia das Mães, e muitas pessoas que não puderam vir disseram que querem participar das próximas. E havia pessoas não só de Porto Alegre, mas até de Encantado. Então, o que as pessoas disseram? Agradeceram pela missa. E eu achei impressionante, porque nós preparamos um ritual que as pessoas pudessem acompanhar, bilíngue – português e latim –, e as pessoas respondiam e cantavam. Nós fizemos uma missa híbrida, porque existem as low masses, que são as missas simples, e as missas solenes, high masses. Então, tomamos a missa simples, porém com enxertos da missa solene. E eu senti o quanto as pessoas aproveitaram, cantaram, rezaram.

Igreja São José, no centro de Porto Alegre
É claro, algumas pessoas que nunca tinham vivido esse rito tiveram alguma dificuldade em  acompanhar o ritual. Mas, em geral, ouvi elogios das pessoas. Aquelas que vieram, na sua grande maioria, é porque pediram essa missa, salvo outras que vieram por curiosidade. Nós evitamos ao máximo, conforme conversamos com o senhor arcebispo, não tornar esse ritual da missa um espetáculo, um teatro. Porque a missa tem um valor em si mesma, o sacrifício que se renova da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor. Sobre o aspecto místico, posso destacar que, desde a preparação, entre os cinco auxiliares de missa, os cinco acólitos que estavam na sacristia, havia um silêncio, um recolhimento que proporcionou a essas pessoas um clima de oração, de comunhão com Deus. Eu senti isso muito. E, se fosse fazer uma síntese, a repercussão foi positiva nas pessoas, elas se sentiram contentes, agradeceram. Muitas chegaram depois na sacristia e disseram: "Obrigado, padre, por nos ter dado esse presente". Então, eu senti o quanto elas fizeram uma experiência de Deus. Fazendo uma avaliação, eu diria que alguns detalhes nós podemos melhorar nas próximas ocasiões, mas, no todo, foi válido.
 IHU On-Line – Foi toda rezada em latim, ou houve momentos, como as leituras, que foram em português, como o motu proprio permite?
Adilson Feiler – No documento motu proprio diz-se que as leituras podem ser em português. Nós fizemos em latim. Estamos pensando, para a próxima missa, em fazê-las em português. A homilia, que é feita no púlpito, é em português. Na próxima missa, estamos pensando em até fazer uma breve explicação, já que essa missa não tem comentários. Tem certos elementos que não se pode mudar. Pode-se fazer as leituras em português, como nós pensamos para a próxima, e uma breve explicação da estrutura da missa, para que as pessoas possam aproveitar mais, uma espécie de catequese fora da homilia, que é o momento em que o padre se volta para as pessoas. Em outros momentos, ele está versus Deum [voltado para Deus], mas, em outros, ele se volta para as pessoas, como em algumas invocações, Dominus vobiscum [Deus esteja convosco].
IHU On-Line – Para o fiel, quais são as principais diferenças litúrgicas da missa celebrada no rito antigo com relação à missa em sua forma ordinária, segundo o missal de Paulo VI usado hoje?
Adilson Feiler – Conforme o documento do papa, não é um outro rito: é o mesmo rito, o rito latino. Porém, muda a maneira de celebrar, uma maneira que é chamada – popular ou vulgarmente – de "tridentina". Mas o que basicamente muda são alguns gestos do padre, a sua própria postura: ele está versus Deum – essa é a grande diferença – e o fato de ser em latim.
Também as orações ao pé do altar, logo no princípio. São recitadas algumas antífonas: "Introibo ad altare Dei qui lætificat juventutem meam", "Subirei ao altar de Deus, que é a alegria da minha juventude", mais alguns versículos do Salmo 42. É uma espécie de preparação que o padre com os seus acólitos fazem.
Existe também uma única oração eucarística, que é o Cânon RomanoI Oração Eucarística do missal atual –, e que é toda rezada em silêncio, in secreto. Talvez esse seja o ponto que mais crie estranhamento nas pessoas, porque é uma oração toda em silêncio. Então, esse é um ponto que merece um esclarecimento para as pessoas, principalmente as que não viveram essa missa.
Outra diferença é um segundo Evangelho, sempre fixo, que é o Prólogo do Evangelho de João, que é rezado depois da bênção final, na Sacra, ao lado esquerdo do altar, que é o lado da Epístola, como nós chamamos – Epístola, Evangelho e Lavabo: esses são os três lados do altar.
Basicamente são essas as diferenças. Não há grandes diferenças. O Kyrie, o Ato Penitencial, o Glória, o Creio são todos iguais, só que em latim.
IHU On-Line – O senhor também disse que a proposta não é de uma experiência estética. Então, com relação aos aspectos teológicos mais de fundo, por que rezar uma missa tridentina e por que não a missa ordinária?
Adilson Feiler – Nós celebramos a missa ordinária diariamente, e, como o próprio nome já diz, é a missa da ordem comum. Já a missa do Missal de João XXIII é uma missa extraordinária, conforme as orientações do papa. As pessoas que querem, têm a possibilidade de celebrar também a missa extraordinária.
IHU On-Line – Mas existe alguma opção teológica de fundo?
Adilson Feiler – Não. Simplesmente colocamos em prática uma das orientações do Papa Bento XVI. As pessoas que querem, pedem, têm como direito seu que se celebre essa missa. Se há uma comunidade de fé de pessoas que partilham e que conhecem minimamente o latim, que comungam desse espírito, elas fazem a experiência de Deus: aí não se torna espetáculo. Caso contrário se torna algo externo. Então, se existe uma comunidade de fiéis que comungue com isso, teologicamente falando, a missa nova é igual à missa antiga: ou seja, a Igreja faz eucaristia, a eucaristia faz Igreja, um processo dialético. A unidade da fé dos fiéis: isso é igual. Desde tempos imemoriais até o futuro, deve ser respeitado o princípio segundo o qual cada Igreja particular deve estar de acordo com a Igreja universal sobre a doutrina da fé e os sinais sacramentais, nos usos universalmente transmitidos pela tradição apostólica contínua. Estes devem manter-se não só para evitar os enganos, mas também para que a fé seja transmitida em sua integridade, já que a regra de oração da Igreja (lex orandi) corresponde a sua regra da fé (lex credendi).

Pe. Feiler e o púlpito de onde é proferida a homilia na missa tridentina 
IHU On-Line – Foi necessário algum tipo de negociação com a Igreja local, com Dom Dadeus ou com os seus irmãos jesuítas? Foi necessário obter autorização? Adilson Feiler – A primeira autorização tivemos que pedir à comunidade. Eu sou vice-reitor. O reitor da Igreja é a autoridade máxima aqui dentro [da comunidade]. Claro, você tem que conhecer minimamente a comunidade. Esse é o princípio missionário da Companhia de Jesus: se adaptar aos tempos, lugares e pessoas.
A comunidade São José é uma comunidade tradicional. Não daria para se fazer isso em outras comunidades em que eu vivi, que já não têm esse perfil. Eu não estaria falando, traduzindo o Evangelho na linguagem dessas pessoas. Aqui, então, foi perfeitamente viável.
Mas foi necessária uma negociação com o reitor da Igreja, com a comunidade e com o arcebispo, que é o nosso ordinário no que diz respeito a qualquer coisa que formos fazer. No que diz respeito ao celebrar o culto, propriamente – embora o papa autorize a presidência desta missa extraordinariamente –, para nos manter em comunhão com a Igreja local, nós tivemos que pedir a autorização, o placet do senhor arcebispo. Isso foi muito tranquilo.
No nosso boletim, eu até escrevi uma breve nota sobre o documento motu proprio, já que isso pode causar um certo estranhamento em algumas pessoas. Tudo o que você for fazer vai causar prós e contras. É claro, temos que suscitar a discussão e enfrentar o conflito mais com argumentos, que sejam minimamente plausíveis para que venham corroborar a nossa proposta de possibilitar às pessoas ter acesso a essa missa. Pessoas que conhecem, que participam, que fazem uma experiência de Deus dentro desse rito, melhor dizendo, dentro dessa maneira de celebrar.
IHU On-Line – E com os jesuítas, como foi?
Adilson Feiler – Alguns apoiam, outros não. Há controvérsias. E é inclusive salutar que existam.
IHU On-Line – Quais são os projetos a partir de agora? A missa no rito antigo vai ter continuidade, de 15 em 15 dias?
Adilson Feiler – Esperamos que sim. O nosso termômetro é a comunidade dos fieis, a quem nós servimos.
IHU On-Line – E estão planejadas outras celebrações segundo o missal de Pio V, como batizados, casamentos etc.?
Adilson Feiler – A princípio, até se poderia, segundo o documento. Mas por enquanto são as eucaristias, quinzenalmente.
IHU On-Line – E com relação à instrução sobre o motu proprio, que vai esclarecer algumas questões que foram surgindo ao longo do tempo, o que o senhor desejaria que ficasse mais claro?
Adilson Feiler – Um esclarecimento maior sobre o fato de que a missa do Missal de João XXIII e a missa do Missal de Paulo VI são a mesma missa. Não se tratam de ritos diferentes (o que seria algum rito oriental, por exemplo). E também um esclarecimento para que não exista confusão entre a maneira tridentina de celebrar com o ser conservador. Essa é a grande confusão que pode ser causada nas pessoas. Acho que é um juízo, no mínimo, apressado.
IHU On-Line – Perante uma sociedade que se diz pós-moderna, líquida, marcada pela revolução tecnológica, que significado o senhor percebe nessa retomada de uma fé mais tradicional? É um paradoxo ou é um sinal dos tempos?
Adilson Feiler – Isso nós podemos assistir em todos os momentos da história quando se está vivendo uma abertura grande: de repente, se vê a fragmentação. Nós podemos dizer que o homem pós-moderno, o homem de hoje, está fragmentado. E, nessa fragmentação, está havendo a busca de algo, de um sentido. Nós estamos mergulhados em um chamado "niilismo". Então é preciso estabelecer algum ponto de sustentação, e acredito que, possivelmente, essa maneira de celebrar seja uma das respostas às quais somos chamados.
Claro, todas as mudanças são doloridas, são traumáticas. Estamos vivendo uma fase de transição. Fui ordenado na era Bento XVI, que é uma outra era. Eu tenho que enfrentar, digamos, críticas de uma parte que viveu uma outra era. Então, é comum isso dentro da sociedade, da Igreja e mesmo nas ordens religiosas. Temos que viver aquilo que Santo Inácio diz: estar aberto aos tempos, ao espírito dos tempos. E o espírito que nós vivemos é este: de fragmentação e, dentro dessa fragmentação, há uma busca. Então é preciso estabelecer sentido para a vida, valores, e, dentro deles, também pode-se destacar os valores religiosos, celebrativos. As pessoas estão buscando a mística, o silêncio na liturgia: ou seja, o mistério. O barulho se torna espetáculo; o silêncio conduz as pessoas ao mistério. E para endossar esta ideia cito um pensamento de um teólogo jesuíta Karl Rahner: "O cristão do futuro ou será místico ou não será cristão". A maneira tridentina de celebrar não seria uma busca dessa mística?
(Por Moisés Sbardelotto)

Leal e Valorosa





                          Hermann Rudolf Wendroth. Vista de Porto Alegre. Aquarela, 1852.

 Rafael Diehl

A historiografia dos primórdios do período republicano procurou construir a imagem de um Rio Grande do Sul unido pelos ideais farrapos e republicanos. Tal intento correspondia aos interesses dos positivistas de criar um passado legitimador da República ainda em processo de consolidação em finais do século XIX. 

Contudo, as coisas não são simplistas assim.

Primeiramente, o movimento farroupilha não era constituído unicamente de republicanos, mas também de alguns monarquistas, havendo setores mais conservadores e outros mais liberais. Tratava-se, portanto, de um movimento bastante heterogêneo, cujo ideal que os unia era a idéia Federalista, ou seja, o desejo de maior autonomia provincial. Naturalmente, as diversas facções tinham noções distintas do que era e de como deveria ser aplicado o dito Federalismo.[1]

Em segundo lugar, é preciso desmistificar a idéia de uma aceitação homogênea do movimento em toda a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. As cidades de Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas e São José mantiveram-se fiéis ao Império. O movimento Farroupilha não representava os interesses, anseios e aspirações da grande parte dos habitantes de Porto Alegre.

Os farrapos tomaram Porto Alegre em 20 de setembro de 1835. Os legalistas imperiais retomaram a cidade em junho de 1836. De 30 de junho a setembro de 1836, os farrapos sitiaram novamente a cidade, mas a população ajudou as guarnições militares Porto-Alegrenses na resistência aos farroupilhas. A cidade também havia recebido reforços de soldados, armas e suprimentos. Com a derrota e prisão de Bento Gonçalves na Batalha do Fanfa em outubro, o cerco é levantado e dá-se um intervalo até maio de 1837. Durante essa trégua, os habitantes da cidade construíram trincheiras e baluartes e receberam reforços de peças de artilharia.

Entre abril de 1837 e fevereiro de 1838, a capital rio-grandense sofreu um novo cerco, mais agressivo haja vista o grande número de tropas e a artilharia de campanha trazida pelos farrapos. A cidade resistiu até fevereiro de 1838, quando os farrapos se retiraram para evitarem serem flanqueados pelas manobras de outros contingentes das tropas legalistas.

De junho de 1838 a dezembro de 1840, a cidade foi novamente sitiada pelos farroupilhas, mas foi um cerco mais fraco, haja vista os farrapos terem se instalado em posições mais distantes da cidade. Nesse período, os farroupilhas concentravam-se no interior da Província, motivo pela qual consideravam mais estratégico que os legalistas se mantivessem mais concentrados em Porto Alegre para que não houvesse enfrentamento direto entre as tropas rebeldes e legalistas. Desta vez, o enfrentamento deu-se por iniciativa dos legalistas sediados em Porto Alegre que, esporadicamente, fizeram incursões atacando as posições farroupilhas. Este sítio encerrou-se em dezembro de 1840, quando os farrapos tiveram de deslocarem-se para combaterem tropas vindas de outras regiões do Império brasileiro.[2] Assim, em 1841, D. Pedro II outorgou à cidade de Porto Alegre o título de “Leal e Valorosa”, até hoje ostentada nas armas municipais, pela sua lealdade ao Império. 

Assim, vemos que a cidade de Porto Alegre não aderiu ao movimento farroupilha, tendo permanecido alinhada com a causa imperial, o que só iria mudar no período republicano com a propaganda ideológica e a formulação de uma historiografia positivista.[3]


Notas:

[1]Para maiores informações sobre os ideais federalistas e as idéias políticas dos farrapos, vide: FLORES, Moacyr. A Revolução Farroupilha. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004; FLORES, Moacyr. Modelo político dos Farrapos: as idéias da Revolução Farroupilha. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996; e PADOIN, Maria Medianeira. O espaço fronteiriço platino, o Federalismo e a Revolução Farroupilha (1835-1845). Artigo digitalizado em: < www.fee.tche.br/sitefee/download/jornadas/1/s2a12.pdf >

 [2]Para maiores detalhes acerca dos cercos mantidos pelos farrapos contra Porto Alegre, vide: FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre sitiada. Artigo digitalizado em: < http://www.viapolitica.com.br/sonhos/17_porto_alegre_sitiada.php >

[3]O estudo sobre a Revolução Farroupilha nasceu em função da propaganda republicana e da fundação do Partido Republicano. Quando vitoriosa a República, o hino, a bandeira e as armas da República Rio-grandense passaram a ser oficiais. Então, o Rio Grande do Sul incorporou oficialmente o patrocínio da história da República Rio-grandense, um caso raro.
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