Creio serem estes, os mais importantes capítulos para quem quer, de fato, combater a desordem instalada no cenário atual.
Parte II
Capítulo V
A Tática da Contra-Revolução
A Tática da Contra-Revolução
A Tática da Contra-Revolução pode
ser considerada em pessoas, grupos, ou correntes de opinião, em função
de três tipos de mentalidade: o contra-revolucionário atual, o
contra-revolucionário potencial e o revolucionário.
1. EM RELAÇÃO AO CONTRA-REVOLUCIONÁRIO ATUAL
O contra-revolucionário atual é
menos raro do que nos parece à primeira vista. Possui ele uma clara
visão das coisas, um amor fundamental à coerência e um ânimo forte. Por
isto tem uma noção lúcida das desordens do mundo contemporâneo e das
catástrofes que se acumulam no horizonte. Mas sua própria lucidez lhe
faz perceber toda a extensão do isolamento em que tão freqüentemente se
encontra, num caos que lhe parece sem solução. Então o
contra-revolucionário, muitas vezes, se cala, abatido. Triste situação: “Vae soli”, diz a Escritura[1].
[1] Ecle. 4,10.
Uma ação contra-revolucionária
deve ter em vista, antes de tudo, detectar esses elementos, fazer com
que se conheçam, com que se apoiem uns aos outros para a profissão
pública de suas convicções. Ela pode realizar-se de dois modos diversos:
A. Ação individual
Esta ação deve ser feita antes de
tudo na escala individual. Nada mais eficiente que a tomada de posição
contra-revolucionária franca e ufana de um jovem universitário, de um
oficial, de um professor, de um Sacerdote sobretudo, de um aristocrata
ou um operário influente em seu meio. A primeira reação que obterá será
por vezes de indignação. Mas se perseverar por um tempo que será mais
longo, ou menos, conforme as circunstâncias, verá, pouco a pouco,
aparecerem companheiros.
B. Ação em conjunto
Esses contactos individuais
tendem, naturalmente, a suscitar nos diversos ambientes vários
contra-revolucionários que se unem numa família de almas cujas forças se
multiplicam pelo próprio fato da união.
2. EM RELAÇÃO AO CONTRA-REVOLUCIONÁRIO POTENCIAL
Os contra-revolucionários devem
apresentar a Revolução e a Contra Revolução em todos os seus aspectos,
religioso, político, social, econômico, cultural, artístico, etc. Pois
os contra-revolucionários potenciais as vêem em geral por alguma faceta
particular apenas, e por esta podem e devem ser atraídos para a visão
total de uma e de outra. Um contra-revolucionário que argumentasse
apenas em um plano, o político, por exemplo, limitaria muito seu campo
de atração, expondo sua ação à esterilidade, e, pois, à decadência e à
morte.
3. EM RELAÇÃO AO REVOLUCIONÁRIO
A. A iniciativa contra-revolucionária
Em face da Revolução e da
Contra-Revolução não há neutros. Pode haver, isto sim, não combatentes,
cuja vontade ou cujas veleidades estão, porém, conscientemente ou não em
um dos dois campos. Por revolucionários entendemos, pois, não só os
partidários integrais e declarados da Revolução, como também os
“semicontra-revolucionários”.
A Revolução tem progredido, como vimos, à custa de ocultar seu vulto total, seu espirito verdadeiro, seus fins últimos.
O meio mais eficiente de
refutá-la junto aos revolucionários consiste em mostrá-la inteira, quer
em seu espirito e nas grandes linhas de sua ação, quer em cada uma de
suas manifestações ou manobras aparentemente inocentes e
insignificantes. Arrancar-lhe, assim, os véus é desferi-lhe o mais duro
dos golpes.
Por esta razão, o esforço contra-revolucionário deve entregar-se a esta tarefa com o maior empenho.
Secundariamente, é claro, os
outros recursos de uma boa dialética são indispensáveis para o êxito de
uma ação contra-revolucionária.
Com o “semicontra-revolucionário”, como aliás também com o revolucionário que tem “coágulos”
contra-revolucionários, há certas possibilidades de colaboração, e esta
colaboração cria um problema especial: até que ponto é ela prudente? A
nosso ver, a luta contra a Revolução só se desenvolve convenientemente
ligando entre si pessoas radical e inteiramente isentas do vírus desta.
Que os grupos contra-revolucionários possam colaborar com elementos como
os acima mencionados, em alguns objetivos concretos, facilmente se
concebe. Mas, admitir uma colaboração onímoda e estável com pessoas
infectadas de qualquer influência da Revolução é a mais flagrante das
imprudências e a causa, talvez, da maior parte dos malogros
contra-revolucionários.
B. A contra-ofensiva revolucionária
O revolucionário, em via de
regra, é petulante, verboso e afeito à exibição, quando não tem
adversários diante de si, ou os tem fracos. Contudo, se encontra quem o
enfrente com ufania e arrojo, ele se cala e organiza a campanha de
silêncio. Um silêncio em meio ao qual se percebe o discreto zumbir da
calúnia, ou algum murmúrio contra o “excesso de lógica” do adversário,
sim. Mas um silêncio confuso e envergonhado que jamais é entrecortado
por alguma réplica de valor. Diante desse silêncio de confusão e
derrota, poderíamos dizer ao contra-revolucionário vitorioso as palavras
espirituosas escritas por Veuillot em outra ocasião: “Interrogai o silêncio, e ele nada vos responderá”[2].
[2] Oeuvres Complètes, P. Lethielleux Librairie-Editeur, Paris, vol. XXXIII, p. 349.
4. ELITES E MASSAS NA TÁTICA CONTRA-REVOLUCIONÁRIA
A Contra-Revolução deve procurar,
quanto possível, conquistar as multidões. Entretanto, não deve fazer
disso, no plano imediato, seu objetivo principal, e um
contra-revolucionário não tem razão para desanimar pelo fato de que a
grande maioria dos homens não está atualmente de seu lado. Um estudo
exato da Historia nos mostra, com efeito, que não foram as massas que
fizeram a Revolução. Elas se moveram num sentido revolucionário porque
tiveram atrás de si elites revolucionárias. Se tivessem tido atrás de si
elites de orientação oposta, provavelmente se teriam movido num sentido
contrário. O fator massa, segundo mostra a visão objetiva da História, é
secundário; o principal é a formação das elites. Ora, para essa
formação, o contra-revolucionário pode estar sempre aparelhado com os
recursos de sua ação individual, e pode pois obter bons frutos, apesar
da carência de meios materiais e técnicos com que, às vezes, tenha que
lutar.
Parte II
Capítulo VI
Os meios de ação da Contra-Revolução
Os meios de ação da Contra-Revolução
1. TENDER PARA OS GRANDES MEIOS DE AÇÃO
Em principio, é claro, a ação
contra-revolucionária merece ter à sua disposição os melhores meios de
televisão, rádio, imprensa de grande porte, propaganda racional,
eficiente e brilhante. O verdadeiro contra-revolucionário deve tender
sempre à utilização de tais meios, vencendo o estado de espírito
derrotista de alguns de seus companheiros que, de antemão, abandonam a
esperança de dispor deles porque os vêm sempre na posse dos filhos das
trevas.
Entretanto, devemos reconhecer
que, in concreto, a ação contra-revolucionária terá de se realizar
muitas vezes sem esses recursos.
2. UTILIZAR TAMBÉM OS MEIOS MODESTOS: SUA EFICÁCIA
Ainda assim, e com meios dos mais
modestos, poderá ela alcançar resultados muito apreciáveis, se tais
meios forem utilizados com retidão de espírito e inteligência. Como
vimos, é concebível uma ação contra-revolucionária reduzida à mera
atuação individual. Mas não se pode concebê-la sem esta última. A qual,
por sua vez, desde que bem feita, abre as portas para todos os
progressos.
Os pequenos jornais de inspiração contra-revolucionária, quando de bom nível, têm uma eficácia surpreendente, principalmente para a tarefa primordial de fazer com que os contra-revolucionários se conheçam.
Os pequenos jornais de inspiração contra-revolucionária, quando de bom nível, têm uma eficácia surpreendente, principalmente para a tarefa primordial de fazer com que os contra-revolucionários se conheçam.
Tão ou mais eficientes podem ser o livro, a tribuna e a cátedra, a serviço da Contra-Revolução.
Até o próximo Capítulo, no qual o autor adverte sobre alguns obstáculos que a Contra-Revolução poderá encontrar. Até lá!