terça-feira, 13 de novembro de 2012

Para quem não leu "Revolução e Contra-Revolução" - Parte XVII

Tendo encerrado no último artigo a publicação da Parte I - "A Revolução" - do livro do Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revolução e Contra-Revolução", passo agora, no presente artigo, a reproduzir, a Parte II – "A Contra-Revolução".

Na Primeira Parte, Dr. Plínio denominou Revolução o processo já cinco vezes secular que vem destruindo a Cristandade, desde o declínio da Idade Média, época em que o ideal católico de sociedade mais se aproximou de sua realização. Na Segunda Parte, o autor falará sobre a Contra-Revolução, a qual entende como sendo a reação organizada que se opõe à Revolução e que visa restaurar a Cristandade.

No presente artigo, irei postar os Capítulos I e II, da Segunda Parte do livro "Revolução e Contra-Revolução".


Parte II

Capítulo I
Contra-Revolução é Reação


1. A CONTRA-REVOLUÇÃO, LUTA ESPECÍFICA E DIRETA CONTRA A REVOLUÇÃO
Se tal é a Revolução, a Contra-Revolução é, no sentido literal da palavra, despido das conexões ilegítimas e mais ou menos demagógicas que a ela se juntaram na linguagem corrente, uma “re-ação”. Isto é, uma ação que é dirigida contra outra ação. Ela está para a Revolução como, por exemplo, a Contra-Reforma está para a Pseudo-Reforma.
2. NOBREZA DESSA REAÇÃO
E deste caráter de reação vem à Contra-Revolução sua nobreza e sua importância. Com efeito, se é a Revolução que nos vai matando, nada é mais indispensável do que uma reação que vise esmagá-la. Ser infenso, em princípio, a uma reação contra-revolucionária é o mesmo que querer entregar o mundo ao domínio da Revolução.
3. REAÇÃO VOLTADA TAMBÉM CONTRA OS ADVERSÁRIOS DE HOJE
Importa acrescentar que a Contra Revolução, assim vista, não é nem pode ser um movimento nas nuvens, que combata fantasmas. Ela tem de ser a Contra-Revolução do século XX, feita contra a Revolução como hoje em concreto esta existe e, pois, contra as paixões revolucionárias como hoje crepitam, contra as idéias revolucionárias como hoje se formulam, os ambientes revolucionários como hoje se apresentam, a arte e a cultura revolucionárias como hoje são, as correntes e os homens que, em qualquer nível, são atualmente os fautores mais ativos da Revolução. A Contra-Revolução não é, pois, um mero retrospecto dos malefícios da Revolução no passado, mas um esforço para lhe cortar o caminho no presente.
4. MODERNIDADE E INTEGRIDADE DA CONTRA-REVOLUÇÃO
A modernidade da Contra-Revolução não consiste em fechar os olhos nem em pactuar, ainda que em proporções insignificantes, com a Revolução. Pelo contrario, consiste em conhecê-la em sua essência invariável e em seus tão relevantes acidentes contemporâneos, combatendo-a nestes e naquela, inteligentemente, argutamente, planejadamente, com todos os meios lícitos, e utilizando o concurso de todos os filhos da luz.

Parte II

Capítulo II
Reação e imobilismo histórico
 
 
1. O QUE RESTAURAR

Se a Revolução é a desordem, a Contra-Revolução é a restauração da ordem. E por ordem entendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a civilização cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, antiigualitária e antiliberal.

2. O QUE INOVAR

Entretanto, por força da lei histórica segundo a qual o imobilismo não existe nas coisas terrenas, a ordem nascida da Contra-Revolução deverá ter características próprias que a diversifiquem da ordem existente antes da Revolução. Claro está que esta afirmação não se refere aos princípios, mas aos acidentes. Acidentes, entretanto, de tal importância, que merecem ser mencionados.

Na impossibilidade de nos estendermos sobre este assunto, digamos simplesmente que, em geral, quando num organismo se opera uma fratura ou dilaceração, a zona de soldadura ou recomposição apresenta dispositivos de proteção especiais. É, pelas causas segundas, o desvelo amoroso da Providência contra a eventualidade de novo desastre. Observa-se isto com os ossos fraturados, cuja soldadura se constitui à maneira de reforço na própria zona de fratura, ou com os tecidos cicatrizados. Esta é uma imagem material de fato análogo que se passa na ordem espiritual. O pecador que verdadeiramente se emenda tem ao pecado, em via de regra, horror maior do que teve nos melhores anos anteriores à queda. É a historia dos Santos penitentes. Assim também, depois de cada prova, a Igreja emerge particularmente armada contra o mal que procurou prostrá-La. Exemplo típico disto é a Contra-Reforma.

Em virtude dessa lei, a ordem nascida da Contra-Revolução deverá refulgir, mais ainda do que a da Idade Media, nos três pontos capitais em que esta foi vulnerada pela Revolução:

* Um profundo respeito dos direitos da Igreja e do Papado e uma sacralização, em toda a extensão do possível, dos valores da vida temporal, tudo por oposição ao laicismo, ao interconfessionalismo, ao ateísmo e ao panteísmo, bem como a suas respectivas seqüelas.
* Um espirito de hierarquia, marcando todos os aspectos da sociedade e do Estado, da cultura e da vida, por oposição à metafísica igualitária da Revolução.
* Uma diligência no detectar e no combater o mal em suas formas embrionárias ou veladas, em fulminá-lo com execração e nota de infâmia, e em puni-lo com inquebrantável firmeza em todas as suas manifestações, e particularmente nas que atentarem contra a ortodoxia e a pureza dos costumes, tudo por oposição à metafísica liberal da Revolução e à tendência desta a dar livre curso e proteção ao mal.

 Até o próximo artigo, com os demais Capítulos da Segunda Parte.

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