Parte I
Capítulo IX
Também é filho da Revolução o “semicontra-revolucionário”
Também é filho da Revolução o “semicontra-revolucionário”
Tudo quanto aqui se disse dá fundamento a uma observação de importância prática.
Espíritos marcados por essa
Revolução interior poderão talvez, por um jogo qualquer de
circunstâncias e de coincidência, como uma educação em meio fortemente
tradicionalista e moralizado, conservar em um ou muitos pontos uma
atitude contra-revolucionária[1].
[1] Cfr. Parte I - Cap. VI, 5, A.
Sem embargo, na mentalidade destes “semicontra-revolucionários”
se terá entronizado o espírito da Revolução. E num povo onde a maioria
esteja em tal estado de alma, a Revolução será incoercível enquanto este
não mudar.
Assim, a unidade da Revolução trás, como contrapartida, que o contra-revolucionário autêntico só poderá ser total.
Quanto aos “semicontra-revolucionários” em cuja alma começa a vacilar o ídolo da Revolução, a situação é algum tanto diversa.
Parte I
Capítulo X
A cultura, a arte e os ambientes, na Revolução
A cultura, a arte e os ambientes, na Revolução
Assim descrita a complexidade e
amplitude que o processo revolucionário tem nas camadas mais profundas
das almas, e portanto da mentalidade dos povos, é mais fácil apontar
toda a importância da cultura, das artes e dos ambientes na marcha da
Revolução.
1. A CULTURA
As idéias revolucionárias fornecem
às tendências de que nasceram o meio de se afirmarem com foros de
cidadania, aos olhos do próprio indivíduo e de terceiros. Elas servem ao
revolucionário para abalar nestes últimos as convicções verdadeiras, e
para assim desencadear ou agravar neles a revolta das paixões. Elas são
inspiração e molde para as instituições geradas pela Revolução. Essas
idéias podem encontrar-se nos mais variados ramos do saber ou da
cultura, pois é difícil que algum deles não esteja implicado, pelo menos
indiretamente, na luta entre a Revolução e a Contra-Revolução.
2. AS ARTES
Quanto às artes, como Deus
estabeleceu misteriosas e admiráveis relações entre certas formas,
cores, sons, perfumes e sabores e certos estados de alma, é claro que
por estes meios se podem influenciar a fundo as mentalidades e induzir
pessoas, famílias e povos à formação de um estado de espírito
profundamente revolucionário. Basta lembrar a analogia entre o espírito
da Revolução Francesa e as modas que durante ela surgiram. Ou entre as
efervescências revolucionárias de hoje e as presentes extravagâncias das
modas e das escolas artísticas ditas avançadas.
3. OS AMBIENTES
Quanto aos ambientes na medida em
que favorecem costumes bons ou maus, podem opor à Revolução as
admiráveis barreiras de reação, ou pelo menos de inércia, de tudo quanto
é sadiamente consuetudinário; ou podem comunicar às almas as toxinas e
as energias tremendas do espírito revolucionário.
4. PAPEL HISTÓRICO DAS ARTES E DOS AMBIENTES NO PROCESSO REVOLUCIONÁRIO
Por isto, em concreto, é
necessário reconhecer que a democratização geral dos costumes e dos
estilos de vida, levado aos extremos de uma vulgaridade sistemática e
crescente, e a ação proletarizante de certa arte moderna, contribuíram
para o triunfo do igualitarismo tanto ou mais do que a implantação de
certas leis, ou de certas instituições essencialmente políticas.
Como também é preciso reconhecer
que quem, por exemplo, conseguisse fazer cessar o cinema ou a televisão
imorais ou agnósticos teria feito pela Contra-Revolução muito mais do
que se provocasse a queda de um gabinete esquerdista, na rotina de um
regime parlamentar.
Fiquem atentos pois no próximo artigo, publicarei os capítulos XI e XII.
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