terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Para quem não leu "Revolução e Contra-Revolução" - Parte VIII

Após apontar os caracteres do processo revolucionário e suas várias etapas, abordaremos, no capítulo IV de "Revolução e Contra-Revolução", as metamorfoses do processo revolucionário.

Os fatos atuais estão a mostrar-nos que o comunismo não morreu, mas passa por uma velhaca metamorfose para nos iludir. Mediante esta nova "maquiagem", visa mais facilmente atingir sua meta final: a implantação de um estado anárquico. A deterioração moral dos costumes e a demolição de todas as instituições, principalmente a família, é o seu maior objetivo.



Parte I

Capitulo IV
As Metamorfoses do Processo Revolucionário
 Como se depreende da análise feita no capítulo anterior, o processo revolucionário é o desenvolvimento, por etapas, de certas tendências desregradas do homem ocidental e cristão, e dos erros delas nascidos.
Em cada etapa, essas tendências e erros têm um aspecto próprio. A Revolução vai, pois, se metamorfoseando ao longo da História.
Essas metamorfoses que se observam nas grandes linhas gerais da Revolução, se repetem, em ponto menor, no interior de cada grande episódio dela.
Assim, o espírito da Revolução Francesa, em sua primeira fase, usou máscara e linguagem aristocrática e até eclesiástica. Freqüentou a corte e sentou-se à mesa do Conselho do Rei.
Depois, tornou-se burguês e trabalhou pela extinção incruenta da monarquia e da nobreza, e por uma velada e pacífica supressão da Igreja Católica.
Logo que pôde, fez-se jacobino, e se embriagou de sangue no Terror.
Mas os excessos praticados pela facção jacobina despertaram reações. Ele voltou atrás, percorrendo as mesmas etapas. De jacobino transformou-se em burguês no Diretório, com Napoleão estendeu a mão à Igreja e abriu as portas à nobreza exilada, e, por fim, aplaudiu a volta dos Bourbons. Terminada a Revolução Francesa, não termina com isto o processo revolucionário. Ei-lo que torna a explodir com a queda de Carlos X e a ascensão de Luís Felipe, e assim por sucessivas metamorfoses, aproveitando seus sucessos e mesmo seus insucessos, chegou ele até o paroxismo de nossos dias.
A Revolução usa, pois, suas metamorfoses não só para avançar, como também para operar os recuos táticos que tão freqüentemente lhe têm sido necessários.
Por vezes, movimento sempre vivo, ela tem simulado estar morta. E é esta uma de suas metamorfoses mais interessantes. Na aparência, a situação de um determinado país se apresenta como inteiramente tranqüila. A reação contra-revolucionária se distende e adormece. Mas, nas profundidades da vida religiosa, cultural, social, ou econômica, a fermentação revolucionária vai sempre ganhando terreno. E, ao cabo desse aparente interstício, explode uma convulsão inesperada, freqüentemente maior que as anteriores.

Volto aqui, porque, mais uma vez, vale lembrar (sempre faço questão de lembrar) que Antonio Gramsci (1891-1937), um dos fundadores do Partido Comunista Italiano em 1921, foi o primeiro teórico marxista a defender que a revolução na Europa Ocidental teria que se desviar muito do rumo seguido pelos bolcheviques russos, comandados por Lênin e seguido por Stalin.

Lênin, por exemplo, sustentava que a revolução deveria começar pela tomada do Estado para, a partir daí, transformar a sociedade. Gramsci inverteu esses termos: a revolução deveria começar pela transformação da sociedade, privando a classe dominante da direção da “sociedade civil” e, só então, atacar o poder do Estado.

Durante os anos de 1926 a 1935, Antonio Gramsci escreveu inúmeros textos sobre o comunismo, sob o título "Cadernos do Cárcere". Esta publicação, difundida em vários continentes, passou a ser o Catecismo das Esquerdas que viram nela uma forma muito mais potente de realizar o velho sonho de implantar o Totalitarismo, sem que fosse necessário o derramamento de sangue - um evidente recuo estratégico de que falou Dr. Plínio, dando uma aparência de morte, mas que "
nas profundidades da vida religiosa, cultural, social, ou econômica, a fermentação revolucionária vai sempre ganhando terreno."

Sugiro que o leitor, arrume um tempinho e leia o artigo de Anatoli Oliynik, "GRAMSCI E A COMUNIZAÇÃO DO BRASIL" e conheça mais este processo de 'metamorfoseamento' que já acontece em nossos dias, desde há mais de 50 anos aqui no Brasil.


Na próximo artigo (Capítulo V) veremos as três profundidades da Revolução: nas tendências, nas idéias e nos fatos. Até lá!

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